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A comida que comemos e ensinamos nossas crianças a comer



Hoje eu resolvi deixar de falar de história dos alimentos e seu passado, pra propor uma reflexão sobre nossos hábitos alimentares e a comida que a gente come nesse mundo contemporâneo tão confuso e cheio de possibilidades.


E pra começar acho muito importante gente pensar se a comida que a gente come hoje em dia é comida de verdade, feita com ingredientes de verdade, com sabor de verdade. Faça o teste: vá a um supermercado e lá, se dirija a sessão de refrigerados, pegue pote um iogurte - escolha qualquer um de sua preferência, leia o rótulo com a listas dos ingredientes usados para a sua produção. Vai ver que além de leite (se houver!) aparecerá lá uma lista de produtos químicos usados para a produção, estocagem e armazenagem que se não fossem as aulas de química no ensino fundamental, talvez fossem impronunciáveis!

Acho importante propor a reflexão sobre nossas escolhas no balcão do supermercado. É nos detalhes que a gente pode decidir a qualidade de nossa alimentação. Deixar de lado os temperos prontos, os caldos em pó ou em cubos e aqueles molhos prontos pra salada e priorizar o alho e a cebola in natura, a pimenta do reino em grão ao invés da moída nos saquinhos prontos e você vai ver a diferença que isso pode fazer no resultado final do seu prato: mais sabor e muito mais qualidade, mesmo que seja um simples arroz branquinho do nosso dia a dia.

Eu costumo usar a seguinte analogia: O dono da Indústria alimentícia é irmão do dono da indústria a nutrição, que é irmão da indústria farmacêutica. Pra cada nova teoria da indústria da nutrição atestando que uma nova proteína é boa pro coração, que faz pra bem pro nossa flora intestinal, que vale por um bifinho, que é mais saudável porque isso e aquilo, a indústria da alimentação cria uma centenas de produtos novos pra vender nas prateleiras do supermercado, e o dono da indústria farmacêutica fica só esperando você chegar lá tentar remediar a situação. O que todos estão vendendo, no fim das contas é propaganda! Neste bombardeio de publicidade somos levados a consumir produtos que parecem comida, mas só parecem!

O Ministério da Saúde lançou em 2014 o Guia Alimentar Brasileiro, (disponível aqui em PDF), que é um livro de diretrizes para promoção de uma alimentação saudável e equilibrada, levando em conta vários aspectos como “as necessidades alimentares, cultura alimentar e dimensões de gênero, raça e etnia; acessível do ponto de vista físico e financeiro, harmônica em quantidade e qualidade, atendendo aos princípios d a variedade, equilíbrio, moderação e prazer; e baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis.” ( pág. 8)


Um ponto de destaque apontado neste documento em relação às mudanças na alimentação da população brasileira é o alto consumo de alimentos ultra processados, que são aqueles comprados prontos, como: miojo, bolachas recheadas, hambúrgueres, nuggets e lasanhas congeladas e todas estas porcarias que infelizmente cada vez mais tem ganhado espaço diante da correria da vida moderna. Mas a conta desta irresponsabilidade se agrava, porque estamos criando nossos filhos com essas coisas, estimulando-os a este tipo de alimentação que não passam de um monte de produtos químicos como os que você leu aí em cima no pote do iogurte.

O documentário “Muito Além do Peso”, disponível aqui, ilustra de forma muito didática o quanto nossas crianças estão se distanciando da comida de verdade. Sei que a vida corrida, o trabalho, a falta de tempo, as metas, os compromissos muitas vezes nos levam a fazer estas escolhas fast-food ou de alimentos ultra-processados, mas essa reflexão é urgente e se continuarmos neste caminho, estaremos condenando cada vez mais nossas crianças à doenças graves na infância, doenças estas que só eram vistas em pessoas com idade avançada (e mesmo assim muito recentemente na história!).

Eu pretendo abordar mais esta questão aqui, por agora eu volto à questão inicial: Você come comida de verdade?


Texto originalmente publicado no site Artekula em 2013

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