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Carnaval agitado, teve feijoada, teve comida na chapa de arado, teve banho de mangueira no quintal, teve visita de amigo distante, teve galinha caipira, teve hóspede que já virou amigo de infância, teve samba, teve tambor, teve banho de argila e workshop de Jaca, estes três últimos no Camping Terra Viva que fica no bairro do Souzas em Monteiro, há 10 km da Casa Matula onde moro e recebo para almoços e jantares. Foi lindo, colorido e intenso! Mas este texto especificamente é pra compartilhar este aprendizado que foi compartilhado pela Monise e que agora eu vou relato aqui neste texto!

Fazer o processo de tratar a polpa de uma jaca verde e transformar isso numa iguaria temperada de jaca é um tanto trabalhoso, mas vale muito a pena, porque a carne de jaca é muito versátil e você pode congelar. Eu aconselho a fazer isso coletivamente, estávamos num grupo grande, o que fez o trabalho render e ficar muito divertido. Eu fui tirando algumas fotos e elas vão servir pra ilustrar a coisa toda:





Uma jaca verde é uma jaca difícil de abrir, tenha isso em mente e mande ver. Pegue uma faca afiada e faça cortes em toda a volta depois vá afundando a faca até o miolo que é a parte mais dura, tirando assim uma fatia grossa. Coloque essa fatia numa panela com água, cebola e alho. A nossa jaca era bem grande e não cabia toda na panela, no final cortamos pedaços menores, como vocês podem ver na foto seguinte.












Deixe ferver. É demorado. O ponto certo é

quando você enfia um garfo e ele escorrega facilmente até o outro lado, Vai depender do tamanho da jaca, da panela e do fogo. Como fizemos no fogão à lenha, demorou um pouco mais, mas em média 30 minutos de cozimento já garantem uma jaca bem cozida!


Esta é a parte mais trabalhosa e demorada. Se a jaca for grande como a nossa, chame os amigos pra dividir o trabalho porque vai ficar mais legal e mais prático. A polpa da Jaca tem várias camadas: semente, polpa mais carnuda em volta, polpa mais leve e o miolo que á parte mais esponjosa e um pouco mais amarga. As outras partes são bem neutras em relação ao sabor. E é com as duas polpas que se faz a "carne de jaca" temperada pra rechear coxinhas, pizzas, panquecas e tudo mais.

Estas pétalas são a parte da polpa que envolve mais de perto as sementes; Depois tem a polpa mais fina que quando cortada da casca e do miolo, praticamente já tá toda desfiada.

Este é o miolo, um pouco mais amargo, esponjoso e durinho, mas que pode ser refogado também. Só precisa de mais tempo de fogo.


Estas são as sementes, quando se retira da polpa elas vêm com essa película.

Mas com um pouco de paciência e uma faquinha afiada, podem se transformar numa espécie de castanha que fica bom torrada com azeite e temperinhos.

Nesta ultima foto já com toda a polpa separada e desfiada. Neste ponto você pode colocar em saquinhos porcionados e congelar.


Diquinha importante: A polpa da jaca verde cozida quase não tem sabor, ela é muito neutra, pode ser refogada no azeite com alho, cebola, tomate, cúrcuma pra dar cor, molho de tomate, sal e pimenta do reino, caiena, limão, todos o temperos que você achar que combina. E pode ser generosa nos temperos, não tenha medo. Pra ela ficar saborosa precisa de o dobro de temperos que usaríamos pra temperar a mesma quantidade de um frango desfiado, por exemplo.


Outra receita que dá pra fazer com as sementes já devidamente descascadas, é um pesto! Basta liquidificar com parmesão, manjericão, alho, azeite, sal e pimenta do reino. Fica bem bom, pode apostar! <3


Esta jaca atravessou o estado, ela veio do Rio de Janeiro, trazida pela Luisa da Alimentamente que veio passar o carnaval por essas bandas e como vocês podem perceber, foi um encontro delicioso. A gente usou grande parte desta polpa de jaca pra rechear as pizzas integrais feitas pelo Gregório pra todos os hospedes do camping. Foi um sábado de carnaval delicinha e cheio de fartura!



Moro na cidade de Monteiro Lobato, que fica há 130 km de São Paulo e 30 Km de São José. Cidade de 4 mil habitantes e fica na Serra da Mantiqueira sempre foi uma cidade com turismo de passagem, pois estamos no meio do caminho pra Campos do Jordão/Santo Antonio do Pinhal, São Bento do Sapucai e Sul de Minas, além de São Francisco Xavier que é um distrito de São José bem simpático e destino turístico de muito paulistano. Monteiro, além de cidadezinha pequena do interior e passagem pra muitos outros lugares é também um lugar aconchegante, receptivo e cheio de histórias incríveis!

Moro aqui há 3 anos, mas frequento o lugar há pelo menos 20! Sim, desde os anos 90 venho pra cá tomar banho de cachoeira e ver os amigos que aqui moram. Esses amigos, na maioria músicos e artistas que escolheram o bairro do Souzas como morada e por conta da localização conseguem trabalhar em São José ou capital. O fato é que êxodo de artistas pra essa região transformou o lugar e hoje o bairro do Souzas é bem conhecido pelas atividades culturais que realiza. Durante 4 anos rolou a Feira do BalacoBaco que foi uma iniciativa da comunidade, com o objetivo de realizar uma feira cultural, gastronômica e artesanal (eu estreei minha vida de cozinheira nesta feira há 6 anos atrás, fazendo tortas com minha amiga bailarina Gabriela Dellias, mas isso é outra história....).

Há 2 anos um grupo local realiza o Festival Mandioca, um festival de Arte e Cultura e Culinária, que acontece uma vez ao ano, no inverno, na segundo fim de semana de julho onde rola muitas atrações musicais, culturais e de culinária. Tudo feito pela comunidade local, sem patrocínio publico e com todas as atrações musicais gratuitas e uma feira de culinária local deliciosa que a gente constrói coletivamente e com ela conseguimos angariar uma parte dos recursos pra bancar toda a estrutura do Festival da Mandioca.

Faz 2 anos encontramos uma casa na estrada da Serrinha e aqui estou. Moramos numa chácara há 1 Km do centro de Monteiro Lobato que chamamos de Casa Matula e aqui, além de receber para almoços e jantares, também tem o Estúdio de Tatuagem do meu companheiro Bruno e temos uma suíte a disposição pelo Airbnb em que recebemos pessoas do Brasil todo e fazemos muitos amigos!

Neste sábado de carnaval, vai rolar uma deliciosa Feijoada aqui na Matula, além disso estaremos todos os dias recebendo pra almoços e jantares.


Na praça da cidade vai ter algumas atrações bem família pra quem quiser um lugar tranquilo e aconchegante pra aproveitar esses dias de feriado prolongado.

Se você quiser se hospedar, minha pousada preferida na cidade é Pousada Capim Limão, mas também tem outras bem charmosas é só procurar no Google. Agora se gosta de uma coisa mais roots, a melhor sugestão é o Camping Terra Viva da minha amiga Soraya que recebe como ninguém e lá ainda tem um poço de argila pra revigorar e deixar a pele da gente incrível!

Outras opções na cidade são as cachoeiras locais e alguns picos ótimos pra fazer trilha como a Pedra do OM que o Campo Escola Montanhismo oferece passeios guiados e a Pedra do Porquinho também conhecida como Mirante São Francisco. Também tem a Feira do Produtor Rural todos os sábados de manhã com muita coisa gostosa!

Enfim, Monteiro Lobato tá cheio de coisa linda pra desbravar, pra conhecer e se encantar e fica o convite pra você vir visitar:

Vem pra Monteiro Lobato! <3

P.S.: Aqui na Casa Matula, os lugares são limitados e eu tento fazer tudo de um jeito muito exclusivo e saboroso. Faça sua reserva pelo whats, com pelo menos um dia de antecedência que eu passo a nossa localização. Estamos bem pertinho do centro e é muito fácil acesso pra chegar aqui. Eu adoro receber e garanto comida saborosa e boas conversas!

Kuz-kuz ou alcuzcuz é prato nacional dos mouros da África Setentrional. Inicialmente era feito com arroz ou sorgo, e passou a ser de milho americano (Zea mayz) quando este irradiou-se pelo mundo por volta do século XVI. Para alguns autores, o cuscuz é de origem árabe.


No Brasil Colonial, o cuscuz era a manutenção de famílias pobres e circulava entre os consumidores modestos. Julgava-se comida de negros, trazida pelos escravo e era vendido em tabuleiros, pelos mestiços, filhos e netos de cuscuzeiras anônimas. No Brasil, há vários tipos de cuscuz, os mais conhecidos e são salgados: o do Centro-Sul e o do Nordeste. Em ambos, a massa é de milho. O cuscuz paulista e mineiro constitui uma refeição substancial e é feito com farinha de milho, recheado com camarão, peixe ou frango e com molho de tomate. O cuscuz nordestino é uma massa de milho (usa-se a fubá) temperada com sal, cozida no vapor de água e depois umedecida com leite de coco. Cuscuz com manteiga é prato matinal ou da ceia da noite. No Nordeste também há o cuscuz doce, feito com grãos de tapioca hidratados no leite de coco e servido com coco ralado e leite condensado, comum encontrar vendedores nas prais da Bahia vendendo o cuscuz em tabuleiros,




E o “paulista”? Segundo Cristiana Couto, do livro Viagem Gastronômica através do Brasil (Editora Senac) diz que a “origem do cuscuz paulista é o farnel (farinha, frango guisado ou feijão e ovos cozidos, amarrados em um guardanapo grande) dos bandeirantes e tropeiros”. O cuscuz paulista, apesar ser consumido em todo o estado de São Paulo, pode ser considerado um prato tí­pico paulistano. Quem diz isso é Welliton Donizeti Popolim, do Conselho, colaborador do Conselho Regional de Nutricionistas. Os tropeiros, que partiam da capital para a exploração do interior do Estado e em direção às minas das Gerais para comercializar seus produtos, costumavam levar em seus recipientes de alimentos farinha de milho com galinha, feijão ou milho. Durante a viagem, a farinha de milho absorvia o caldo do frango e os ingredientes se misturavam formando um virado. Mais tarde, ele foi chamado de cuscuz paulista, como explica Popolim.


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